Após a saga tucana e petista para escolher um candidato, mesmo que ainda não confirmado como no caso do PSDB, a briga agora vai ser para achar um vice que ajude a conseguir votos que Serra e Dilma não conseguirão sozinhos.
É difícil achar uma teoria para escolha de vices, mas normalmente procura-se alguém com perfil que traga qualidades que o titular não tenha. Por exemplo, em 2002, o vice de Lula, um sindicalista com histórico socialista, foi José Alencar, empresário bem sucedido no país. Acalmou-se assim o mercado financeiro e foram vencedores também na reeleição em 2006. FHC foi contra essa corrente, teve como vice uma figura um pouco apagada, Marco Maciel. Os americanos levam essa teoria de "procurar o oposto" de maneira mais rígida: se você tem um candidato novo, procure um mais experiente; se o presidente tiver idéias mais liberais, procure um conservador...
Pensando nisso, Lula e o PT não devem ver com bons olhos a indicação de Michel Temer para acompanhar Dilma em 2010. O natural seria buscar alguém com características mais leves e até mais carismático, pois a ministra da Casa Civil tem fama de ser uma pessoa rígida, apesar da recauchutagem feita recentemente por publicitários de campanha. Nos bastidores, o nome ideal seria o atual governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), mas é pouco provável, pois está bem nas pesquisas e caminha para uma reeleição sem grandes problemas em 2010.
A preferência dos tucanos não é exatamente pelo oposto, e sim por alguém com alta aprovação no 2º maior colégio eleitoral do país: Aécio Neves. Os argumentos para levá-lo são o de que ele teria uma visibilidade nacional na vice-presidência, algo improvável como senador de Minas Gerais, o que seria importante para quem parece ter sido criado nos bastidores de Brasília para ser presidente um dia. A tal chapa puro-sangue tucana tem criado polêmica, igualmente a lista tríplice pemedebista reomendada pelo PT. Os jornais dessa terça deram destaque para algumas declarações sobre essa difícil decisão, veja abaixo:
Fonte: Valor Econômico
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"PMDB tem direito de indicar mas quem vai escolher o vice é Dilma", diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, durante café da manhã com jornalistas, que o PMDB tem o direito de indicar um nome para vice na chapa presidencial da chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff. Mas é a Dilma quem vai escolher seu companheiro na chapa presidencial.
Lula elogiou o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), chamando-o de leal companheiro, mas admitiu que, se a "eleição presidencial não comportar dois candidatos da base, ele terá que ter a lealdade de discutir isso com o Ciro". Na sucessão paulista, o presidente disse que o maior erro do PT é não repetir candidato, começando toda disputa do zero. Defendeu ainda uma política de alianças com outros segmentos, além da esquerda. Comentou o fracasso nas negociações da Cúpula sobre o Clima em Copenhague, mas manifestou otimistmo em relação ao governo do presidente Barack Obama. Sobre as matérias em tramitação no Congresso, Lula acredita que aprovará o projeto original do pré-sal.
Em relação à desistência do governador de Minas, Aécio Neves, de disputar a eleição presidencial, Lula disse não saber "se é algo definitivo ou uma resposta às pressões internas para que Serra seja o candidato". E demonstrou ceticismo com uma chapa puro-sangue tucana: "Não sei se uma chapa com dois Tostões (ex-jogador do Cruzeiro) daria certo".
A seguir os principais pontos da entrevista:
Vice de Dilma: O PMDB tem todo o direito de indicar um nome para a chapa, mas quem vai escolher o vice é a Dilma. No momento certo, PT, PMDB e a Dilma vão sentar para conversar isso e eu não quero estar presente. Já dei sugestão para o principal que foi escolher a Dilma como candidata a presidente. Quando você é ex-presidente, nem vento bate nas suas costas. O Temer é um grande companheiro, um grande presidente da Câmara. Mas não quero dizer algo para depois vocês dizerem que eu escolhi um ou outro nome.
PMDB com Serra: Não acredito que isso possa acontecer. Mas respeito a autonomia dos partidos.
Desistência de Aécio: Não sei se é definitivo ou não. Tinha uma pressão interna muito grande para o Serra ser o candidato. Vou conversar com o Serra antes do Natal (dia 22, em São Paulo) e com o Aécio depois do Natal. É sempre bom conversar com o Aécio.
Melhor adversário: A estratégia montada para a Dilma vai ser a mesma, queremos uma eleição polarizada com dados comparativos dos dois governos.
Chapa puro sangue: Tenho dúvidas, não sei se um time com dois Tostões e dois Dirceu Lopes (ex-jogadores do Cruzeiro) ou dois Coutinhos (ex-jogador do Santos) daria certo.
Pesquisa: Desde que começou o meu segundo mandato o (José) Serra ( governador de São Paulo) está na frente das pesquisas e continua na frente. Eleição é como campeonato brasileiro, o Palmeiras ficou um tempão na frente e aí deu Flamengo. Não estou preocupado com a rejeição da Dilma. Rejeição é algo que se trata com carinho, mas ainda é cedo. Temos que trabalhar. Agora é cedo para dizer qualquer coisa.
Fonte: Estadão
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Serra: ''Quando o jogador é muito bom, dá para duplicar''
PSDB pressiona governador Aécio Neves a ser vice na corrida presidencial.
Com o PSDB às voltas para tentar convencer o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a ser o candidato a vice na disputa presidencial de 2010, o governador de São Paulo, José Serra, defendeu ontem que dois bons jogadores podem, sim, estar no mesmo time. "Eu acho que, quando o jogador é muito bom, mesmo jogando na mesma posição, dá para duplicar. Encontra-se um jeito de se arrumar em campo", afirmou o paulista.
Aécio, que desistiu na semana passada de disputar a vaga de presidenciável tucano com Serra, resiste à ideia de ser o número dois na chapa do PSDB. Aécio já disse mais de uma vez que poderá concorrer ao Senado. Setores do partido, incluindo o grupo ligado a Serra, têm, entretanto, pressionado para que o mineiro faça uma dobradinha com o paulista.
A declaração de Serra foi feita após ser questionado se dois craques poderiam jogar juntos numa mesma equipe. Horas antes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia dito que duvidava da eficiência eleitoral de uma dobradinha entre Serra e Aécio no ano que vem. "Eu não sei se dois Coutinhos, dois Tostões... se saem bem no mesmo time", afirmou.
Quando perguntado se a teoria dos "bons jogadores" poderia ser aplicada ao caso da composição entre ele e Aécio, Serra desconversou. "Vamos pensar a esse respeito", disse. Em seguida, recusou-se a comentar a declaração de Lula sobre o poder de fogo de uma chapa pura tucana. "Não vou falar sobre isso", respondeu, ao deixar a abertura da Conferência Internacional sobre Direitos Humanos na capital paulista. O presidente e o governador devem se reunir amanhã em São Paulo.
Serra tem evitado ao máximo falar sobre a eleição de 2010. Mesmo após a desistência de Aécio em levar adiante uma disputa interna, o que o colocou como o único nome da legenda para concorrer à Presidência, o governador paulista mantém o plano de somente definir o seu futuro político em março. Sem Aécio, o DEM, principal aliado dos tucanos, pleiteia que a vaga de vice seja ocupada por um integrante da sigla. Questionado se uma composição entre Serra e Aécio frustraria a expectativa do DEM, O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, principal liderança da legenda em São Paulo, adotou ontem um tom conciliador: "De maneira alguma. O importante é que tenhamos como vice alguém bem preparado do ponto de vista administrativo", afirmou.
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