A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-15) parece fadada ao fracasso com a negação de países ricos de estabelecerem metas mais ousadas para a queda na emissão de CO2. O que parece salvar a Conferência são pequenos acordos paralelos de cooperação, como o que a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, e o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, assinaram ontem.
Entre os impasses que travam o COP-15, o governo brasileiro parece estar mostrando um problema interno que estava adormecido há algum tempo: a falta de autoridade do Ministério do Meio Ambiente.
Ontem, a ministra da Casa Civil e chefe da delegação brasileira na Conferência, Dilma Rousseff, voltou a desautorizar o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, ao afirmar que o Brasil, em nenhum momento, pediu recursos para se adaptar às mudanças climáticas. Mais cedo, Minc, durante entrevista, dissera que o Brasil abrira mão dos recursos.Veja um trecho de uma matéria que saiu no Globo online nesta terça:
"Dilma tomou a frente de toda a discussão em torno das mudanças climáticas. No domingo, por exemplo, Minc havia agendado uma entrevista para o final da tarde. No entanto, acabou cancelando-a. Ao invés dele, quem falou, por 1h15m, foi Dilma. Minc sentou-se ao lado da ministra e, nas vezes em que tentou falar algo, foi interrompido por Dilma, que fez questão de demonstrar que tinha estudado o assunto, citando, inclusive de memória, artigos do Protocolo de Kioto, sobretudo no que se refere às obrigações dos países ricos."
O interesse no pleito de 2010 talvez esteja sobrecarregando a pré-candidata petista e a obriga a falar sobre assuntos que não tem domínio, e acaba cometendo atos falhos, como ao dizer ontem que "o meio ambiente é uma ameaça para o planeta"(veja no youtube). Sobre Minc, Dilma deveria respeitar mais a autonomia de um ministro e evitar corrigir possíveis falhas de planejamento em público.
Quem aproveitou para alfinetar, também com a cabeça em 2010, foi a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, hoje pré-candidata pelo PV à presidência, que saiu do governo, entre outros motivos, pelos desentendimentos com Dilma por causa de liberações ambientais de obras do PAC.
"- Está causando aqui em Copenhague um certo estranhamento o isolamento do ministro Carlos Minc. Quando eu era ministra do Meio Ambiente, assumíamos todos os processos negociais em todas as COPs que participamos. Mesmo quando vim com o ministro Celso Amorim, ele era muito respeitoso em relação a minha titularidade. Obviamente que é a primeira vez que a ministra (Dilma Rousseff) participa de uma negociação com caráter de meio ambiente dessa magnitude, e vão tendo algumas questões que de fato estão repercutindo muito negativamente, inclusive essa de dizer que não vai ajudar os países pobres. Faz uma crítica de que 1 bilhão (de dólares) é pouco, mas diz que não vai botar nada."
Os ambientalistas parecem estar certos, o mundo está cada vez mais quente, e nem chegamos em 2010 ainda.
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