terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Marina prega nova visão de progresso

Pré-candidata do PV não cita adversários, mas mira questão que é o principal foco de sua divergência com Dilma

Propondo uma "ética de valores", em oposição ao que considera uma "ética circunstancial" da política, a senadora e pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva (AC), defendeu ontem, em aula magna em uma universidade em São Paulo, mudanças estruturais no processo de desenvolvimento brasileiro para evitar um "armagedon ambiental".

Marina preferiu não citar seus opositores no campo eleitoral. Disse, no entanto, que o País é sujeito de uma "crise civilizatória" e que é preciso reavaliar a atual visão de progresso, centro nevrálgico de sua divergência com a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. "Precisamos buscar uma nova maneira de caminhar", resumiu.

A senadora lamentou que o atual modelo de gestão e a consequente crise ambiental estejam "à margem do debate político". No entanto, acredita que sejam causadores de um "constrangimento ético". "Porque o meio ambiente vai exigir, certamente, uma ética de valores."

Para a senadora, com a aclamação de Dilma no congresso petista, realizado semana passada, a corrida presidencial agora ganha "ritmo acelerado". "Acabou o carnaval, começou o ano para tudo. Para campanha também (risos). Obviamente que respeitando a legislação, estão todos em pré-campanha", destacou.

Questionada sobre uma possível mudança de panorama eleitoral com a crise do DEM, resultado do caso do mensalão no Distrito Federal, Marina preferiu observar que o caso é o exemplo de uma crise da política. "Estamos à mercê dessa coisa terrível que empobrece a política. É preciso que haja um avivamento, e isso se faz através do debate de ideias."

Entre as ideias citadas pela senadora está uma mudança no foco da transparência na gestão pública. Hoje, o governo federal disponibiliza os dados agregados em um único portal da internet, o chamado Portal da Transparência. Para Marina, é preciso criar "processos mais nucleados" de transparência para cada setor do governo.

Para exemplificar, citou sua gestão à frente do Ministério do Meio Ambiente, quando tornou público, por meio da internet e em tempo real, o desmatamento na Amazônia. E abriu informações de conselhos e coordenadorias da pasta.

SAÚDE E DESVANTAGEM

Durante a aula magna, Marina reclamou de dores na coluna, citou três hérnias de disco. Mesmo com notória saúde frágil, disse, entre risos, que "vai bem" e que trabalha com "a ideia de saúde preventiva". Hoje, ela passa por uma segunda bateria de exames no Instituto do Coração (Incor) dos Hospital das Clínicas, em São Paulo, antes de viajar a Brasília.

A prevenção é para garantir que consiga "construir" sua campanha e reverter sua desvantagem nas pesquisas - oscilou entre 6% e 8% nas última sondagem Ibope/Diário do Comércio, divulgada semana passada. A senadora disse, porém, que não tem uma "ansiedade tóxica" por resultados. "Estamos fazendo um esforço para que o PV acumule o apoio de "núcleos vivos" da sociedade. Não vamos nos basear por pesquisas. Se assim fosse, não teria saído candidata. É uma construção", observou.

Fonte: Roberto Almeida / O Estado de SP

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