segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Impacto eleitoral de cassação de Kassab preocupa Serra

Desde a noite de sábado, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), acompanha, apreensivo, os desdobramentos da cassação do mandato do prefeito Gilberto Kassab, com quem conversou ao telefone, informa a reportagem de Catia Seabra, publicada nesta segunda-feira (22) pela Folha.

Entre tucanos e democratas, a orientação foi a de evitar contaminação política, restringindo o problema ao campo técnico.

Embora concordem que Kassab não afrontou a lei, a controvérsia preocupa serristas por coincidir com um inferno astral experimentado pelo DEM e pelo prefeito.

Além da prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), as seguidas enchentes enfrentadas pela população paulistana provocaram desgaste na administração Kassab num momento em que Serra reúne coragem para trocar a hipótese de reeleição por uma disputa que promete ser difícil pela Presidência da República.

Fora isso, o próprio Serra reclamou pessoalmente com Kassab de duas medidas impopulares adotadas pela gestão: o reajuste do IPTU e das tarifas de ônibus. Segundo tucanos, Serra se queixa especialmente do fato de o anúncio ter sido previamente antecipado, "sangrando" por dias.

DEM

O DEM criticou a decisão do juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Aloísio Silveira, de cassar o mandato do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, por suposto recebimento de doações ilegais na campanha de 2008. A decisão deve ser publicada no "Diário Oficial" de terça-feira, e a cassação do prefeito vale oficialmente após esse ato formal.

O líder do partido na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC), afirmou que o pedido de cassação é um assunto "técnico e jurídico que está se transformando em político apenas porque envolve o prefeito de São Paulo". Para Bornhausen, "as análises das doações já foram feitas e aceitas dentro da lei. Mas o juiz resolveu, em cima dos fatos, dizer que não".

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse estar "absolutamente tranquilo", já que "as contas estão rigorosamente dentro da lei". "Não tenho dúvida alguma a este respeito, na prestação de contas de Kassab as determinações legais foram seguidas integralmente", disse.

Confiança

O prefeito de São Paulo negou ter recebido doações ilegais na campanha de 2008 e disse não temer perder seu mandato. "Não temo [perder o mandato]. Estou realmente confiando na Justiça, sempre confiei. E volto a afirmar que tudo foi feito corretamente."

Kassab corria o risco de ser cassado porque perícia contábil da Justiça Eleitoral apontou que 33% dos recursos arrecadados pelo prefeito no último pleito municipal tiveram origem em fontes de contribuição consideradas ilegais pelo Ministério Público.

No processo contra Kassab, o promotor eleitoral Maurício Lopes acusou o prefeito de ter recebido doações ilegais da AIB (Associação Imobiliária Brasileira), de sete construtoras e do Banco Itaú --cujas contribuições somaram mais de R$10 milhões em 2008.

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