Mais de dois terços do eleitorado ainda não sabe dizer espontaneamente em quem votará para presidente em outubro. Nessa fase inicial da campanha, flutuações da intenção de voto entre um instituto e outro são menos importantes do que as tendências dos candidatos ao longo do tempo. Na média móvel das três últimas pesquisas, José Serra (PSDB) lidera, mas Dilma Rousseff (PT) diminui lentamente a diferença entre ambos.
Uma segunda tendência também fica clara: Serra e Dilma se distanciam dos outros candidatos, reforçando a polarização e abrindo a possibilidade, ainda que remota, de a eleição ser definida, para um lado ou para outro, no primeiro turno.
A “média VP” das pesquisas consolida as tendências de Ibope, Datafolha, Vox Populi e Sensus. Segundo essa média, a diferença entre o tucano e a petista, que chegou a ser de 21 pontos percentuais em dezembro do ano passado, caiu para 7,7 pontos no começo de fevereiro e para 5,7 pontos, na média, agora, no fim de março.
O primeiro movimento de aproximação foi mais brusco. Refletiu a descoberta, por parte dos petistas e simpatizantes do PT, de que Dilma é a candidata de Lula a sua própria sucessão. Desde fevereiro, as pesquisas mostram que o crescimento da ex-ministra, embora consistente, desacelerou a partir de fevereiro, enquanto Serra praticamente estabilizou sua intenção de voto.
Incluindo-se a mais recente pesquisa Vox Populi no cálculo, Serra chegou a 35,0%, na média, enquanto Dilma foi a 29,3%. Daí a diferença média, entre ambos, ser de 5,7 pontos percentuais. Esses números, em si, não dizem muito. Mais relevante são as curvas de ambos: elas correm quase paralelas desde o começo de fevereiro, com a de Dilma ligeiramente mais inclinada em direção à do rival.
O fato de Dilma ter desacelerado reflete a dificuldade de a candidata petista cavar votos em eleitorado menos permeável ao discurso governista do que aquele que sustentou seu crescimento até fevereiro. Esse novo estrato com que Dilma se depara precisa ser convencido a votar nela. Não é uma conversão automática, como ocorreu com aqueles que dão nota 10 a Lula e/ou se declaram simpatizantes do PT.
O mesmo vale para Serra. Ele se sustenta no segmento de eleitores anti-petistas e que rejeitam a candidatura do governo. Para crescer, precisará também convencer os, digamos, “independentes” que ele é a melhor opção. É para isso que existe campanha e é nisso que Serra e Dilma devem se concentrar nos próximos meses.
Fonte: Jose Roberto de Toledo / Estadão
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