quinta-feira, 15 de abril de 2010

Em crise com PT, PMDB faz exigências a Lula e Dilma

Quando tudo parecia caminhar bem, as relações do PMDB com o PT estão, de novo, estremecidas.

Parceiro majoritário da mega-fusão partidária que se formou em torno de Dilma Rousseff, o PMDB se considera desprestigiado.

Acha que o PT e sua candidata dispensam à legenda um tratamento incompatível com o peso do PMDB na aliança.

Peso medido pela presença do partido nos Estados e, sobretudo, pelo tempo de rádio e TV que agrega à campanha de Dilma.

As queixas voltaram à mesa numa reunião realizada na noite desta quarta (14). Convocou-a o presidente da Câmara e do PMDB, Michel Temer, cotado para vice de Dilma.

O mais queixoso é o senador Hélio Costa. Candidato do PMDB ao governo de Minas, ele está inconformado com o comportamento do PT.

No mês passado, em conversa com Lula, Hélio Costa, ainda titular do Ministério das Comunicações, ouvira palavras de estímulo à sua candidatura.

Hélio deixou o ministério certo de que o PT mineiro se juntaria à sua caravana, na qual o PMDB federal aposta todas as suas fichas.

Súbito, o petismo confirmou para 2 de maio uma prévia para escolher o seu próprio candidato ao governo –Fernando Pimentel ou Patrus Ananias.

A cúpula do PMDB quer que as prévias sejam canceladas. Reivindica o apoio do partido de Lula à candidatura de Hélio, mais bem posta nas pesquisas.

Ao reacender o braseiro de Minas, o PT levou o PMDB a refletir sobre as pendências não resolvidas em quase uma dezena de Estados.

O partido de Temer se deu conta do obvio: o PT cozinha as encrencas em banho-maria.

Ficara entendido que, em determinadas praças, a falta de acordo levaria ao formato de campanha em dois palanques.

O caso clássico é o da Bahia, onde o grão-pemedebê Geddel Vieira Lima vai às urnas contra o governador petista Jaques Wagner.

Dá-se de barato que Dilma terá de frequentar os palanques de Geddel e de Wagner. Coisa já acertada de gogó. Mas o PMDB reclama o detalhamento da estratégia. E nada.

Receia-se, por exemplo, que Lula, cuja popularidade entre os baianos é maior do que a média nacional, dê preferência ao amigo Wagner em detrimento de Geddel.

Nos subterrâneos, as principais lideranças do PMDB dizem que o PT se comporta como se a vitória de Dilma fosse um dado da realidade.

Afirmam que, guindo-se por essa premissa, o petismo trabalha com a hipótese de que o apoio do PMDB cairá no colo de Dilma por gravidade.

Nos próximos dias, a direção do PMDB cuidará de lembrar aos mandachuvas do PT, a Dilma e ao próprio Lula que a coisa não é bem assim.

Lembrarão que a entrada do PMDB na aliança ainda depende do referendo da convenção do partido, marcada para junho.

Recordarão que vem de Minas o maior contingente de delegados com direito a voto na convenção. E dirão que a atmosfera de animosidade não ajuda.

No mais, o PMDB vai “exigir” a presença de seus representantes no comitê de campanha que assessora Dilma, hoje restrito ao PT.

Menos otimista que a média, o PMDB enxerga a sucessão presidencial como uma guerra de resultado incerto. Avalia que a candidata, noviça em urnas, tropeça além do desejável nessa fase de pré-campanha.

Fonte: UOL / Blog do Josias

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