Depois de trocar de nome - e de lado - três vezes em dez anos, o PP se prepara para abandonar o governo e abraçar José Serra
Uma metamorfose ambulante. A definição cabe perfeitamente ao Partido Progressista, o PP. Controlado com mãos de ferro pelo ex-governador de São Paulo Paulo Maluf até o início da década de 90, o antigo PDS, hoje PP, trocou três vezes de nome em apenas dez anos. Tornou-se PPR, depois do impeachment de Collor, virou PPB, quando passou a dar sustentação ao governo Fernando Henrique Cardoso no Congresso, mas bastou a ascensão de Lula ao poder, em 2003, para o partido escolher novo nome e posição. Agora, às vésperas de outra eleição presidencial, não será surpresa se o PP mudar de canoa outra vez. Embora integre, hoje, a base de Lula no Legislativo e conte com um ministro no governo, o das Cidades, Marcio Fortes, os dirigentes da legenda têm intensificado, nos últimos dias, as conversas com o PSDB para compor a chapa tucana com a vaga de vice de José Serra.
Só nas duas últimas semanas, expoentes progressistas participaram de reuniões com o deputado Jutahy Jr. (PSDB-BA) e com o presidente nacional tucano, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). Entre os nomes do PP comentados para a vaga de vice de Serra estão o do presidente do PP, Francisco Dornelles (PP-RJ), do ex-ministro da Agricultura de FHC, Pratini de Moraes, e do ex-ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. O nome mais forte é o de Dornelles. O próprio Serra foi procurado por um emissário do partido. Para o PSDB, a possível indicação de Dornelles para vice é encarada como garantia de que o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves irá entrar de corpo e alma na campanha. Amigo pessoal do mineiro, Dornelles é sobrinho de Tancredo Neves, avô de Aécio. “Com a recusa do Aécio em ser vice, o nome ideal seria o do Dornelles”, diz o deputado Bruno Rodrigues (PSDB-PE).
O flerte do PP com Serra ficou mais intenso nas últimas duas semanas graças ao estremecimento da relação do ministro das Cidades, Marcio Fortes, com a bancada do partido. O clima azedou de vez depois que, ao ser procurado pelo líder do PP na Câmara, João Pizzolatti (SC), Fortes disse que só devia “satisfação” a Dornelles e ao presidente Lula. Por muito pouco, o partido não anunciou o seu rompimento com o governo. Ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, parlamentares do partido disseram que Fortes não representava mais o PP na Esplanada e chegaram a sugerir sua demissão do cargo. Coube ao presidente Lula apagar o incêndio. “Só quem pode demitir sou eu”, disse. Uma reunião, na quarta-feira 14, serenou os ânimos. O mal-estar, no entanto, foi criado e integrantes do PP nos Estados já veem dificuldades em declarar apoio a Dilma Rousseff, candidata do PT ao Planalto.
Fonte: Revista Isto É / Sérgio Pardellas
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