O PSDB não pretende esfriar o debate aberto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em artigo publicado no fim de semana criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e traçou comparações entre o seu governo e o do petista. Os tucanos decidiram que não fugirão do confronto entre os dois governos, mas deixarão esse papel a FHC, que continuará buscando números, escrevendo artigos ou fazendo pronunciamentos para comparar programas e chamar Lula para a briga.
A ideia é preservar o governador de São Paulo, José Serra, do confronto direito com Lula, que, no entanto, precisa ser feito por alguém, avaliam os tucanos.
– Lula e Fernando Henrique são passado. Serra e Dilma são o futuro. Não vamos cair na isca petista – avisa o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
– O ex-presidente Fernando Henrique vai debater com o Lula e Serra com Dilma – acrescenta o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), para quem esse é o sentido de fazer política “olhando para a frente e não no retrovisor”, como defendeu FHC no artigo.
Ao contrário da estratégia adotada na eleição de 2006, quando o então candidato Geraldo Alckmin se desviou do confronto, deixando que o PT estigmatizasse os tucanos com críticas sobre as privatizações, agora o PSDB quer a queda de braço e encontrou no ex-presidente, figura evitada nos palanques de Alckmin nas eleições passadas, o homem ideal para fazer o contraponto a Lula.
– O Fernando Henrique plantou muito e colheu pouco. O Lula foi espertalhão e colheu muito. Não temos que nos intimidar. O Fernando Henrique vai fazer sempre, tantas vezes quantas forem necessárias, a reposição da verdade. Se deixá-los soltos, vão repetir a mentira à exaustão – alerta o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal.
O artigo do ex-presidente, Sem Medo do Passado, reanimou os tucanos, que estão buscando mais munição para Fernando Henrique. O confronto será pela mídia, mas passará à margem dos espaços destinados à campanha eleitoral, como o horário político gratuito. Bom orador e dono de um texto primoroso, FHC não poderia encontrar melhor espaço para fazer o contraponto a Lula, deixando Serra à vontade para concentrar o debate com Dilma.
Ontem em São Paulo, ele mais uma vez colocou a ministra na alça de mira.
– A Dilma não teve possibilidade de mostrar liderança. Serra inspira confiança e tem liderança, já demonstrada no Ministério da Saúde, na Prefeitura de São Paulo e no governo do Estado. Ela não é líder. É reflexo de um líder – provocou o ex-presidente. Questionado por jornalistas, disse que Lula é, sim, um líder, mas voltou a criticar o presidente.
– Todos achavam que o Lula mudaria tudo. Não mudou. Seguiu em frente no que eu tinha feito. Eu achei bom – ironizou, repetindo o desafio a Lula feito no domingo. – Eleição é futuro. Se quiser, a gente compara. Desde que seja dentro de um contexto, não há o que temer. O deputado Arnaldo Madeira (SP) afirmou que o tom da campanha tucana será propositivo.
Mas, segundo ele, o ex-presidente foi muito atacado por Lula e pelo PT e agora está apenas se defendendo.
– Mas esse não será o tema da campanha eleitoral. O forte será o para onde vamos e como desenvolver o país. O PSDB terá um discurso unificador – adianta Madeira. O deputado lembra que até a Carta ao Povo Brasileiro, que Lula assinou em 2002 para acalmar os mercados, o PT era contra tudo.
– Quando assumiu, foi de forma desonesta, sem ética ou respeito intelectual. O PT passou a atribuir a nós coisas que não falamos, como a privatização da Petrobrás e do Banco do Brasil – observa Madeira.
A estratégia tucana é preservar o governador Serra do debate direto com Lula.
“O que o Lula queria era um atalho para desviar o foco de uma candidata com escassa consistência de confiabilidade José Aníbal (SP) líder do PSDB na Câmara".
“A oposição, frente aos resultados positivos do governo, está sem discurso, só restando a baixaria e o ataque pessoal Ideli Salvatti (PT-SC) líder do governo no Congresso".
Fonte: Vasconcelo Quadros /Jornal do Brasil
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