Unidade é o desejo da maioria do PMDB, que faz sua convenção nacional neste sábado (6) em Brasília determinado a não ter candidato à Presidência da República, a se aliar ao PT de Dilma Rousseff, pré-candidata ao Palácio do Planalto, e a abocanhar mais governos estaduais e assentos no Congresso – seus principais ativos neste ano eleitoral. O presidente da Câmara, Michel Temer (SP), aparece como líder desse processo e deve ganhar mais apoio para buscar o posto de vice na chapa governista.
Terão direito a voto, 570 convencionais (senadores, deputados federais, membros do Diretório Nacional, membros do Conselho Nacional e delegados). Ao todo serão 797 votos, pois existem casos em que um membro tem direito a mais de um voto. A tendência é de que um senador ocupe a posição de 1º vice-presidente do partido, dizem inclusive aqueles que defendem candidatura própria ou adesão ao tucano José Serra, governador de São Paulo. O favorito é o líder do governo Romero Jucá (RR).
O encontro foi antecipado (a data original era 10 de março) depois de articulações em favor de Temer, que deve renovar seu mandato à frente da legenda e indicar aliados mais próximos para compor sua Executiva Nacional.
O pano de fundo da operação é enfraquecer aqueles que nos bastidores defendem uma chapa presidencial composta por Dilma e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, recém-filiado.
Aliados de Serra, o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia e o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, não devem nem sequer aparecer em Brasília para a reunião. Esse também deve ser o caso do senador Jarbas Vasconcelos (PE), também aliado do PSDB.
O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse ao UOL Notícias que a convenção pode servir como marco para que o partido tenha no futuro seu primeiro candidato à Presidência da República desde 1994, com Quércia. Mas não agora. “A disposição do (governador do Paraná) Roberto Requião foi levantada muito tarde, há dois meses. Neste momento o nosso grande ativo são nossos governadores e a construção de um nome nacional tem de ser feita com viagens pelo país, coisa que ainda não temos. O foco neste ano me parece ser nas lideranças estaduais”, disse.
Sob os holofotes, a reunião não discutirá a provável aliança do PMDB com o PT nas eleições presidenciais. Mas as divergências regionais em vários Estados estarão na pauta nos bastidores – com prioridade total para o caso de Minas Gerais, onde o peemedebista e ministro das Comunicações, Hélio Costa, lidera as pesquisas, mas enfrenta a resistência de dois petistas populares: o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias.
Novo PMDB
A menor tensão entre os caciques locais do PMDB com a direção nacional terá reflexo na composição da Executiva Nacional do partido, que ditará os seus rumos neste ano eleitoral. "O grande efeito foi que tivemos a união do Senado e da Câmara. Hoje não é mais uma disputa entre esses grupos. É muito provável [que um senador seja vice]", disse Temer pouco antes da convenção.
Para o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), a convenção mostrará que o PMDB está mais articulado como um todo, não apenas no Congresso. “No Senado, vivemos um grande momento”, disse ele no site do peemedebista, um ano depois do início da crise que consumiu a Casa ao longo de 2009 com denúncias de corrupção e de benefício a parentes e amigos de parlamentares influentes. “Estou certo que continuaremos contribuindo para o crescimento e a unidade do PMDB.”.
O ex-presidente do Senado, dizem membros do partido, pode ser um entrave para a montagem da Executiva Nacional. Como Temer pode ser candidato a vice-presidente, teria de abrir mão da direção do partido. Assim, o 1º vice assumiria. Apesar de Jucá ser o favorito para ocupar o posto para possivelmente assumir o comando da sigla em seguida, Renan articula para que o senador Valdir Raupp (RO), mais próximo a ele, fique com o segundo cargo na estrutura partidária.
Histórico peemedebista, o senador Pedro Simon (RS) afirma que a antecipação da convenção e a definição da próxima Executiva Nacional servem para consolidar "o mesmo grupo que também apoiou o presidente Fernando Henrique Cardoso e que se encastelou no governo Lula".
"É um momento triste da história do partido. Há pouco espaço para debate. Existe possibilidade de ter uma candidatura como a do Requião, mas o partido não quer nem dar chance de discutir. Quer fechar com a Vice-Presidência na chapa com a Dilma. Se der errado, quer se aninhar com o Serra. Não há muito o que fazer."
Simon diz que pouco participou do debate interno sobre a convenção - mesmo rumo que seguiu outro senador oposicionista, o ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcellos
Por Maurício Savarese / UOL
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