BRASÍLIA - O Palácio do Planalto não deseja, tentará evitar, mas a intervenção no governo do Distrito Federal seria, hoje, a melhor solução para debelar a crise política e administrativa que tomou conta da capital do país.
Ninguém mais, na linha sucessória do GDF, inspira credibilidade e confiança plena para assumir o comando do governo e colocar a casa em ordem. Todos serão alvo de suspeitas e investigações, que vão imobilizá-los e comprometer o funcionamento do governo.
Na ponta, quem sairá ainda mais afetada é a população do Distrito Federal, cada vez mais indignada a cada nova cena de farta distribuição de dinheiro público -e novas imagens existem, basta surgirem oportunidade e conveniência para se tornarem públicas.
Caberá ao STF (Supremo Tribunal Federal) tomar a decisão. Entre seus ministros, há aqueles que consideram a intervenção a única saída. Mas nem todos pensam assim. Além disso, terá peso a pressão política contrária a ser patrocinada pelo governo Lula.
O fato é que Brasília tornou-se retrato fiel de sua fama de terra sem lei, de faroeste candango, em que o xerife do momento manda no pedaço e faz e acontece na ilha da fantasia. O sonho de alguns espertos, que se utilizam da política para enriquecer e/ou criar feudos no mundo do poder.
Não por outro motivo o projeto original do Distrito Federal foi totalmente distorcido ao longo dos últimos anos. Ficasse dentro do projetado, a região não teria nenhuma serventia a nenhum político. Mas não, veio o processo de inchamento e criação de cidades-satélites, formação de verdadeiros currais eleitorais.
Por fim, num local em que um governador tem peso político quase igual a zero, apenas um enorme poder econômico pode dar a ele alguma chance de voo nacional. Aí, com certeza, está a explicação para tanta bandalheira. E motivo de preocupação para muita gente.
Folha de São Paulo
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