segunda-feira, 1 de março de 2010

Marqueteiro já prepara o bote

Lula não quer Duda Mendonça, que teve o prestígio abalado no mensalão, na campanha de Dilma. Mas o publicitário tem outros caminhos para voltar aos holofotes

O sonho de Duda Mendonça era alavancar a campanha de Dilma Rousseff, mas Lula não quer saber do “mago”

De férias nos Estados Unidos, o marqueteiro Duda Mendonça faz este mês a última pausa antes de cair nas campanhas políticas. Ele, que em 2006 ficou praticamente afastado do ramo depois do escândalo do mensalão, se prepara para voltar à ativa. Antes de viajar, praticamente fechou com o senador Marconi Perillo, candidato do PSDB ao governo de Goiás. Investe ainda em alguns estados do Nordeste e andou ainda por São Paulo, de olho na campanha de Paulo Skaf (PSB) ao governo.

O sonho de Duda, no entanto, era fazer a campanha da primeira mulher que disputará a presidência da República com chances reais de vitória. Ele fez de tudo para tentar fazer com que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, se rendesse aos seus encantos profissionais. No fim de 2009, enviou a Dilma alguns pilotos do que havia bolado para a campanha. Não dispensou sequer algumas tomadas de TV sobre mulheres.

Dilma adorou. Chegou a se referir a Duda como “um gênio da criação”. Afinal, foi ele o publicitário responsável por parte dos comerciais do programa Luz para Todos, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deixando a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, maravilhada.

Duda é considerado um dos mais organizados nessa área eleitoral. Quando percebe que algo não está bem, pede uma série de pesquisas qualitativas para descobrir onde está “pegando”. A partir daí, monta a estratégia para amortecer os pontos fracos do cliente candidato. Em 2002, cortou a barba de Lula e lhe deu um banho de ternos bem cortados, como forma de dar ao candidato rejeitado três vezes nas eleições anteriores um ar de mais experiente, maduro e pronto para olhar de igual para igual os dirigentes de outros países.

O Lula que Duda ajudou em 2002 foi o mesmo que acabou com a festa do publicitário. Ele não quer Duda de volta ao coração de uma campanha presidencial do PT. Não deseja que a campanha de Dilma seja a responsável pelo retorno daquele que declarou ter recebido R$ 7,085 milhões nos documentos oficiais da prestação de contas da campanha de 2002, quando Lula foi candidato pela primeira vez, e, mais tarde, numa comissão parlamentar de inquérito, revelou que o preço combinado com o PT tinha sido de R$ 25 milhões, quase quatro vezes mais do que o valor declarado.

Impeachment


Há quem diga no próprio PT que, se isso não tivesse acontecido com o Partido dos Trabalhadores, Lula teria sido o primeiro a encampar uma campanha pelo impeachment do presidente que teve a campanha misturada nesse bolo. E, para não ter que responder mais uma vez sobre esse tema sobre o qual falou tantas vezes, Lula prefere ver Duda bem distante.

Rejeitado pelo PT, Duda chegou a conversar com os tucanos, mas, no plano nacional, é difícil o partido aceitar alguém que hoje carrega a imagem do mensalão petista. Entretanto, como o profissional não está acabado, Duda continua visto no meio político como um gênio, e os candidatos a governador de vários estados começaram a conversar com ele. O mercado publicitário aposta que a campanha de 2010 marcará o retorno de Duda ao marketing político em grande estilo. Basta esperar para ver.

Fonte: Denise Rothenburg / Correio Braziliense

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