A indicação do deputado Michel Temer, presidente da Câmara, como candidato a vice na chapa do PT, nas eleições presidenciais de outubro próximo, está virtualmente consolidada no PMDB, mas a aliança formal entre os dois partidos ainda depende da solução de problemas eleitorais nos Estados, principalmente em Minas Gerais.
Na opinião de integrantes da cúpula como Renan Calheiros (AL), líder no Senado, a solução dos palanques regionais deve anteceder a indicação do candidato a vice. E a candidatura ao governo de Minas, segundo o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), passou a ser considerada vital para o PMDB, após o governador Aécio Neves desistir da candidatura nacional do PSDB - o que significa que o tucano vai jogar sua força eleitoral ao processo sucessório no Estado.
O PMDB quer que o PT desista de suas duas pré-candidaturas ao governo mineiro, o ex-prefeito Fernando Pimentel e o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), para apoiar o ministro das Comunicações, Hélio Costa, até agora o nome favorito nas pesquisas de opinião. O PT está dividido, mas a ala ligada a Patrus e ao ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) é mais simpática ao acordo com os pemedebistas.
As principais lideranças do PMDB na Câmara e no Senado reuniram-se ontem na casa de Temer para discutir as eleições e a recondução do deputado à presidência do partido, que acontecerá em convenção prevista para ocorrer na última semana de fevereiro ou primeira de março. Segundo Henrique Alves, será uma oportunidade para o partido mostrar unidade.
Minas é o segundo maior colégio eleitoral do país, após São Paulo, e pode ser decisivo na eleição presidencial. Para o PMDB, é fundamental porque é a seção com o segundo maior número de votos (68) à convenção nacional, que vai ou não confirmar a coligação com o governo, atrás apenas do Rio de Janeiro, com 75 votos. No Rio de Janeiro a convivência PMDB-PT já está resolvida. São Paulo, seção controlada pelo ex-governador Orestes Quércia, que apoia o tucano José Serra, tem apenas 20 votos.
A oposição no PMDB está contida e pulverizada em grupos dissidentes, mas pode se aglutinar rapidamente no caso de enfraquecimento do grupo aliado do governo, o que ocorreria na hipótese de não haver acordo em Minas. Outra hipótese seria a indicação de Hélio Costa para vice, mas Henrique Alves avalia que ela deixou de fazer sentido desde que o "PSDB descartou a candidatura do Aécio a vice". O Senado, no entanto, só abre mão da vaga na solução com Hélio Costa como o candidato a governador de Minas - o vice e o senador, na chapa, seriam do PT.
O nome de Temer ganhou mais força no PMDB depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que o partido apresentasse uma lista de três nomes à candidata Dilma Rousseff. Os pemedebistas entendem que a escolha é de Lula e Dilma, mas não abrem mão de fazer a indicação. Com a declaração de Lula, a sigla voltou-se imediatamente para o nome mais institucional entre os vários pretendentes ao cargo - Temer é o presidente do partido. Mas vários nomes são citados, além dele: o próprio Hélio, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, o prefeito de Goiânia (GO), Iris Rezende, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Meirelles seria o nome preferido do presidente Lula, o que é considerado outro fato com forte potencial de atrito entre PT e PMDB. Em conversas recentes, Meirelles tem sugerido que não sairá do governo para ser candidato, mas nos partidos isso é visto como dissimulação para não provocar nervosismo nos mercados. Entre os políticos é dado como certo que o presidente do Banco Central será ou candidato a vice na chapa de Dilma - o que seria seu real objetivo ao se filiar ao PMDB - ou ao governo de Goiás, que diz não desejar.
Temer tenta se manter distante da discussão. A Lula, o deputado disse que, após a consolidação da aliança, "vamos verificar em conjunto qual o melhor nome". Para Temer, o partido tem autonomia de indicar o candidato a vice, "mas não pode impor um nome: tem de ser fruto do diálogo".
Fonte: Valor Econômico
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