quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Alô TSE!

Com a proximidade do mês de abril, quando candidatos terão que largar seus cargos administrativos, Dilma e Serra resolveram acelerar obras, inaugurações e peças publicitárias que atentam contra qualquer norma legal neste país. Basta apenas o TSE acordar. Abaixo dois péssimos exemplos para a justiça eleitoral do Brasil publicado na coluna do Josias de Souza, na Folha, e justamete dos principais candidatos à sucessão presidencial.

Lula levou a candidatura de Dilma para passear em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país.

Solenidades pseudo-administrativas foram convertidas desabridos atos de campanha eleitoral.

Dilma, que outrora evitava discursar em pajelanças do gênero, levou o rosto definitivamente à vitrine.

Atacou Sérgio Guerra, presidente do PSDB, que acenara com a hipótese de acabar com o PAC numa eventual administração tucana.

Disse que, na campanha passada, em 2006, o PSDB já havia insinuado que daria cabo do Bolsa Família. Uma inverdade.

Lula também foi ao púlpito do comício. Nada de mais-palavras. Fez campanha aberta.

Chegou mesmo a dizer que vai acelerar as inaugurações no primeiro trimestre desde ano eleitoral de 2010.

Por quê? Ora, “[...] porque a partir de abril a Dilma já não estará mais no governo, e quem for candidato não pode nem subir no palanque comigo. Então..."

"...É importante que a gente inaugure o máximo de obras possível para que a gente possa mostrar quem foram as pessoas que ajudaram a fazer as coisas neste país".

Depois de inaugurar uma barragem, Lula foi a uma escola técnica. Ali, anteviu o triunfo de sua candidata:

"A única coisa que eu tenho certeza é que nós vamos fazer a sucessão presidencial."

Não se deve falar em voz alta, para não acordar o TSE de seu sono profundo. Mas se isso não for campanha, Lula não é Luiz Inácio.



Já em SP, nos próximos cinco meses, o eleitor de São Paulo será bombardeado por uma ofensiva publicitária.

Com um pé no palanque, o governador tucano José Serra levará ao ar uma série de peças promocionais.

O pretexto é a “prestação de contas”. Conversa fiada. O governo só termina em dezembro de 2010.

O pano de fundo é a sucessão presidencial. Corre-se contra o tempo. Em ano de eleição, a publicidade institucional é proibida a partir de julho.

Deve-se a notícia sobre a cruzada marqueteira de Serra à repórter Catia Seabra. Ela conta que o governo estuda até a troca de seu slogam.

Sai o bordão "Trabalhando por você". O gerúndio dá idéia de coisa em andamento, inacabada.

Entra o bordão "Um Estado cada vez melhor". Texto afirmativo, concebido para passar a conveniente impressão de coisa pronta.

O esforço promocional inclui uma mudança de prática. Antes, Serra descentralizara a publicidade. Cada órgão cuidava da sua.

Agora, o Palácio dos Bandeirantes centraliza tudo. Afora a ordem para que as peças ganhem ares de prestações de contas, organiza-se o calendário.

Cuida-se de distribuir as peças publicitárias ao longo dos meses, de modo a evitar a concentração.

A primeira que irá ao ar, até o final do mês, será a do Metrô. Elaborou-a a agência Duda Mendonça Associados.

Como a razão social indica, tem como sócio o publicitário Duda Mendonça. O mesmo que assinara a vitoriosa campanha presidencial de Lula, em 2002.

Recebeu no exterior valerianas de má origem. Figura hoje como réu no processo que apura as traficâncias mensaleiras do petismo.

No ano eleitoral de 2010, o governo Serra reservou para os gastos com publicidade R$ 204 milhões.

À campanha do Metrô se seguirão outras. Entre elas a da CDHU (Cia. de Desenvolvimento Habitacional Urbano).

Nesse caso, as peças trarão a assinatura do publicitário Paulo de Tarso, que também presta serviços ao governo Lula.

As peças da Sabesp trarão o selo da Lew Lara. A mesma agência que, no primeiro mandato de Lula criou a campanha "Sou brasileiro, não desisto nunca".

Afora a cruzada propagandística, Serra intensifica as aparições públicas. Já “inaugura” até coisa já inaugurada.

Nesta segunda (18), por exemplo, entregou o novo “mobiliário e equipamentos” de uma escola técnica na cidade de Palmital.

No texto levado à web, o governo anota: “A nova unidade, que funciona desde agosto de 2009...”

Ou seja, a pretexto de entregar móveis, reinaugurou-se o que já fora inaugurado há cinco meses.

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