terça-feira, 27 de outubro de 2009

Contra a polarização

O governador do Ceará, Cid Gomes, defende a candidatura do irmão Ciro à Presidência e diz que o embate PT vs. PSDB impede mais avanços no Brasil

O tom da voz e a maneira de expor as ideias ressaltam as semelhanças com o irmão mais famoso, o deputado federal e duas vezes candidato à Presidência da República, Ciro Gomes. Mas o tímido Cid, governador do Ceará filiado ao PSB, rechaça logo as comparações: “Não tenho a verve dele”. É verdade, em termos. Como o irmão, Cid não titubeia, como se verá nas definições dos governadores José Serra (“truculento”) e Aécio Neves (“grande brasileiro”). Defensor da candidatura de Ciro em 2010, o governador cearense falou também de pré-sal, reformas estruturais e sobre o futuro do Nordeste.

CartaCapital: O senhor é um dos principais defensores da candidatura à Presidência do seu irmão Ciro, não?
Cid Gomes: O PSB tem hoje uma representação importante. Tem três governadores de estado e, como qualquer partido, almeja conquistar a Presidência da República. Acho que o partido permite e o Ciro tem um histórico. Foi duas vezes candidato à Presidência e acumulou uma experiência como prefeito, deputado estadual, deputado federal, governador, ministro. Reúne as condições para disputar e, sendo eleito, fazer um bom governo. A visão e o conhecimento que ele tem do País... Acho que poucos candidatos têm um grau de conhecimento tão vasto do que o Brasil precisa. O Brasil mantém muitas desigualdades e essa questão, a meu juízo, se coloca como principal desafio: reduzir as desigualdades regionais. O Ciro tem profundo compromisso com isso.

CC: Como o senhor vê a hegemonia paulista na política?
CG: É natural que o estado mais populoso, de economia mais representativa, tenha uma participação maior na política nacional, mas essa disputa de poder entre o PT e o PSDB a partir de São Paulo tem feito muito mal ao Brasil. O PSDB de outros locais é bem menos radical nessa linha de polarizar com o PT e vice-versa. O PT na Bahia fez, por exemplo, uma aliança com o PSDB. Isso atrasa alguns avanços que o Brasil precisa alcançar.

CC: Qual seria o ponto mais importante de uma candidatura Ciro Gomes?
CG: Ele dará a certeza, a tranquilidade aos brasileiros, de que as conquistas do governo Lula serão mantidas e que avanços em outras áreas serão buscados. O Brasil ainda precisa avançar em alguns pontos, como na reforma previdenciária, um problema anunciado para o governo em todos os níveis. É uma bomba que vai explodir. A grande mídia no País procura- imprimir no Ciro algo que não cola – talvez cole na elite, mas não no povão. A imagem de um cara radical, brigão. Basta ver o seu passado. O Ciro governou o Ceará com o apoio de 36 dos 46 deputados estaduais. Quando foi prefeito, também conseguiu uma boa relação com o Parlamento, tinha uma maioria sólida. O Ciro é forjado no diálogo. Por não fazer parte dessa estrutura bipolar (que, se o PSDB se elege, o PT é contra, e vice-versa), acho que poderia transitar em vários segmentos e conseguir avanços que hoje são muito difíceis de ser alcançados.

Leia mais em Carta Capital

Fonte: Carta Capital - 28/10/09

Nenhum comentário: