terça-feira, 2 de novembro de 2010

Obama enfrenta eleição ao congresso americano


Há dois anos, com o slogan “Yes, we can” (sim, nós podemos), Barack Obama empolgou os Estados Unidos e o mundo com seu discurso otimista. Mas, dois anos após sua vitória nas urnas, o primeiro presidente negro do país, e agora vencedor do Nobel da Paz, corre sério risco de perder a maioria no Congresso, nas eleições legislativas desta terça-feira (2).

Segundo analistas, a derrota prevista nas pesquisas pode abrir caminho para a volta dos republicanos à Casa Branca. Mas pode ser também uma chance para Obama se relançar politicamente.

Nos EUA, as eleições para as 435 cadeiras da Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados brasileira) e boa parte do Senado acontecem no meio do mandato presidencial - neste ano, serão eleitos 37 senadores, de um total de 100. Também há eleição para governadores de 37 Estados e dos territórios de Guam e das Ilhas Virgens, além de referendos locais.

Por ocorrer no meio do mandato, a votação funciona como um termômetro sobre como o eleitor percebe a atuação do governo. De acordo com as últimas pesquisas, o Partido Democrata de Obama tem grande chance de ser derrotado nas urnas.

Para o analista Juan Carlos Hidalgo, do Cato Institute, “perder a maioria não é necessariamente tão ruim para o Obama”.

- Vale lembrar que Bill Clinton [1993-2001] perdeu a maioria em 1994 e foi reeleito. Com um Congresso dominado pela oposição, Obama terá a quem culpar em caso de fracasso nas reformas, na economia.

Até agora, Obama não conseguiu votar reformas importantes, como a migratória, mesmo tendo maioria no Congresso. A reforma da saúde, outra promessa de campanha, só passou com muito empenho do presidente, que teve de convencer até aliados.

Oposição a Obama ainda não tem “cara”

A principal voz de oposição ao atual governo Obama é a da ex-candidata republicana a vice-presidente, Sarah Palin. Desde que seu companheiro de chapa, John McCain, foi derrotado por Obama, em 2008, Sarah se tornou um das musas do movimento ultraconservador Tea Party.

Sarah, no entanto, é muito conservadora até para alguns republicanos. Fora os folclóricos seguidores do Tea Party, que acusam Obama de ser “socialista” e “muçulmano”, quase ninguém acredita que ela será a candidata republicana à Presidência, em 2012. Apesar de muito barulho, os analistas não veem Sarah como uma grande ameaça.

Para o analista Kenneth Weinstein, presidente do Hudson Institute, “Obama ainda não tem um oponente, alguém para atacar”. A vitória dos republicanos, no entanto, abrirá caminho para a definição dos líderes que vão tentar tirar Obama da Casa Branca, em 2012.

- Se ele perder a maioria, será mais difícil defender sua gestão. Mas ele terá um oponente para se contrapor [assim que os republicanos escolherem seu pré-candidato nas primárias do próximo ano].

Hidalgo diz que o Tea Party - grupo que reúne radicais de direita e que vem ganhando projeção - é apenas uma fração dos conservadores americanos. Para ele, nem todos os republicanos são iguais.

- Há dois tipos de republicanos. Aqueles que querem uma pequena participação do Estado na economia, impostos baixos. E há os ultraconservadores, que têm medo de políticas sociais, são a favor do intervencionismo americano e contra os direitos dos gays. Sarah Palin faz parte desse último grupo.

Obama poderia ter o mesmo destino de Jimmy Carter?

A queda na popularidade de Obama faz, frequentemente, analistas políticos compararem sua Presidência à de Jimmy Carter (1977-1981).

Eleito com um discurso ético, três anos após o escândalo Watergate, que derrubou o ex-presidente republicano Richard Nixon (1969-1974), Carter enfrentou uma feroz oposição republicana e em muitos projetos não contou com o apoio de seu Partido Democrata. Ao tentar sua reeleição em 1980, foi derrotado pelo ex-ator e carismático republicano Ronald Reagan (1981-1989).

Assim como Obama, Carter também recebeu o Nobel da Paz. Mas, diferentemente do atual presidente, ele foi premiado anos depois de deixar o poder, em 2002.

Para Weinstein, os republicanos agora buscam o seu Reagan. Ele aponta o atual governador republicano de Indiana, Mitchell Daniels, como provável candidato à Presidência, em 2012.

Hidalgo também acha que o futuro de Obama está nas mãos dos republicanos. Isso não está relacionado, necessariamente, ao número de deputados e senadores da oposição a serem eleitos na próxima terça-feira (2). Segundo o analista, “tudo vai depender de os republicanos encontrarem o seu Ronald Reagan, um líder experiente e carismático”.

Fonte: Portal R7

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