segunda-feira, 31 de maio de 2010

E agora, o que fará o PT?

Como será que o PT irá reagir ao anúncio do PMDB de sua candidatura própria com Juvenil ao governo e Jader ao Senado? Vai tirar seus cargos nos órgãos estaduais geridos pelos peemedebistas? Vai mantê-los na esperança de ter o apoio do PMDB no segundo turno?

Abaixo o posto go Blog do Jeso sobre os cargos do PMDB no governo Ana Júlia:

PMDB tem 340 cargos no governo do Pará

O diretório estadual do PT no Pará vai se reunir no início da próxima semana para decidir se recomenda ou não à governadora Ana Júlia Carepa (PT) a devolução dos cargos do PMDB no governo paraense.

A medida seria uma retaliação ao grupo do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) que, na quinta-feira, decidiu abandonar a candidatura de Ana Julia à reeleição e lançar o presidente da Assembleia Legislativa, Domingos Juvenil, na disputa pelo governo paraense, rachando a base da pré-candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, no Estado.

“Ainda não há uma decisão sobre os cargos, mas o PT vai se posicionar sobre isso. Vamos nos reunir, comunicar nossa posição à governadora e ela decide”, disse o secretário de Comunicação do PT no Pará, Bira Rodrigues.

Segundo levantamento feito pela líder do PT na Assembleia, Bernardete ten Caten, Jáder possui cerca de 340 indicados para cargos no governo estadual, alguns deles na chefia de órgãos importantes como o Departamento de Trânsito (Detran), Companhia de Saneamento (Cosanpa), Companhia de Habitação (Cohab), Junta Comercial (Jucepa), Fundação Centro de Homoterapia e Hematologia (Hemopa), Companhia de Abastecimento (Ceasa) e a Loteria do Estado do Pará (Loterpa).

Somente estes três órgãos têm orçamento de R$ 519 milhões e atuação estratégica em programas do governo federal que rendem fortes dividendos eleitorais como Minha Casa Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Blog Espaço aberto também comenta ...

Opção por Juvenil para o governo pode rachar o PMDB

O blog volta novamente.
Volta para informar que o lançamento de chapa própria do PMDB, com Domingos Juvenil para o governo do Estado e Jader Barbalho para o Senado, pode rachar o partido e produzir o que é muito raro: a disputa de chapas na convenção que vai homologar oficialmente os nomes.
O Espaço Aberto apurou há pouco que, tão logo souberam do resultado da reunião de Jader com os deputados, decidindo pelo pré-lançamento da candidatura de Juvenil, três peemedebista bufaram.
Estrilaram.
Soltaram faíscas.
Fumaças.
Estão fulos da vida.
Um deles é a deputada federal Elcione Barbalho.
O outro é o prefeito de Ananindeua, Helder Barbalho.
O terceiro é José Priante, que só pensa em duas coisas: uma delas é assumir a Prefeitura de Belém, caso o TRE confirme sentença condenatória que cassou o prefeito Duciomar Costa; a outra é ser candidato ao governo do Estado caso, evidentemente, a cassação de Duciomar seja derrubada ou não venha ser julgada nos próximos dez ou 20 dias.
Não está descartada a hipótese de Priante bater chapa, ou seja, de disputar com Juvenil.
A percepção dos peemedebistas que estão furiosos com o pré-lançamento da candidatura Juvenil é digna de fazer com que Ana Júlia e seus companheiros do nucléolo que a mantém agrilhoada comemorem com champanhotas.
Por quê?
Porque, segundo a percepção dos peemedebistas descontentes, Juvenil não teria a mesma viabilidade eleitoral de Priante e, principalmente, porque o presidente da Assembleia é atualmente mais anajulista do que peemedebista e, digamos, jaderista.
O certo é que isso vai render.
E como!

Assim falou Jader de sua candidatura ...

Jader Barbalho divulgou texto abaixo no Diário de 30/05 e em seu site www.jaderbarbalho.com. Leiam e comentem:

Sou um homem de muita sorte e tenho muito que agradecer a Deus e ao povo do Pará que tem me permitido viver tanta coisa. Desde bem cedo comecei minha carreira política e participei de todas as lutas do movimento estudantil contra a ditadura militar de 1964. Fui vereador, deputado estadual, deputado federal quatro vezes, ministro duas vezes, senador, e eleito governador duas vezes. Eu fiz da política a minha atividade principal e a minha preocupação sempre foi com a população mais carente, com os que padecem por não ter comida na mesa, dinheiro do aluguel, com os que não têm acesso às mínimas condições de saúde, educação e justiça. É a esse povo sofrido, que tem me acompanhado sempre, que eu devo explicação sobre qualquer aspecto da minha vida. Poucas pessoas têm a confiança pública traduzida em votos que eu tenho. Já percorri todos os degraus da vida pública e estou entre as lideranças com maior durabilidade na história brasileira. Devo isso ao povo do Pará. Esse é o meu maior orgulho.

O efeito colateral deste orgulho, porém, é a inveja e durante esta semana a expectativa em torno da minha candidatura ao governo nas próximas eleições gerou em meus adversários um sentimento desconfortável, suficiente para lançar contra mim todo tipo de calúnia. Eu tive que expressar publicamente a minha revolta porque, apesar de hoje ser um homem mais tolerante, ainda me causa repulsa a mentira e a covardia dos que se escondem atrás de uma capa da probidade, quando em suas entranham estão os vermes da corrupção e da hipocrisia. Minha revolta e indignação fizeram com que eu lembrasse os versos de No Caminho, com Maiakovski, do fluminense Eduardo Alves da Costa .

Não sou candidato ao governo. Como é chegada a hora e também para acalmar os corações, digo que vou concorrer ao senado e que essa decisão é minha e do PMDB, o partido que enfrentou a ditadura militar e que abrigou - por um longo período - todas as ideologias contrárias às forças antinacionalistas que transformaram esse país num purgatório político. Como sou um dos fundadores e o presidente regional do PMDB, minha liderança permite que eu mostre os caminhos indicativos a seguir. Entretanto, a decisão é conjunta e o que a maioria estabelecer é acatado. Assim, eu me submeto às decisões do meu partido, que lança candidato próprio ao governo e caminha na recuperação da sua liderança na política nacional.

Quero dizer ao povo de Belém e do interior que a minha decisão foi tomada em favor das necessidades do Estado. O Pará pode contar, no senado federal, com uma liderança com experiência e conhecimento da realidade nacional e estadual . Eu já percorri todos os caminhos da vida pública. Fui presidente nacional do PMDB, presidente do Senado e presidente do Congresso Nacional. Pertenço ao grupo dos autênticos do meu partido, que lutou bravamente por mais de duas décadas contra os militares. O Diap, que é o órgão de assessoria parlamentar dos sindicatos brasileiros e que tem a função de fiscalizar o desempenho de deputados e senadores, tem me indicado, desde a sua criação, como um dos cem parlamentares mais influentes do Congresso Nacional. Sou o primeiro no ranking da Amazônia e este ano fui escolhido, também, como o melhor articulador em favor da defesa dos projetos para o Estado. Eu só posso agradecer ao povo tanta honra e dizer que é isso que me faz seguir em frente. Aviso às mentes mais férteis que a coisa é simples assim: estou na luta outra vez.

Para aqueles que não conhecem o poema de Eduardo Alves da Costa, que por equívoco tem sido atribuído a Maiakovski, eu o transcrevo aqui: “Na primeira noite eles se aproximam, roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam nas flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo o nosso medo, arrancam-nos a voz da garganta. E já não dizemos nada”.

domingo, 30 de maio de 2010

Eleições das vaidades e estratégias

O Blog do Fábio Castro postou texto interesante sobre as eleições ao governo do Pará. Observem.

Curioso como, para muitos, as próximas eleições se configuram como um jogo de vaidades. Parece tratar-se do caso da candidatura do deputado Domingos Juvenil, do PMDB, ao governo. Bem como, aliás, o problema essencial da rixa entre os ex-governadores Jatene e Almir Gabriel, no PSDB. E, ainda, as angústias que deve estar vivendo José Priante, que pleitearia a vaga, pelo PMDB, não fosse precisar aguardar a decisão do TRE confirmando a sentença condenatória que cassou o prefeito Duciomar Costa para assumir, eventualmente, sua cadeira.

Juvenil pegou carona no descontentamento do seu partido diante da aliança com o PT, entabulada anteontem. Descontentamento de prefeitos e das principais lideranças do partido, que o deputado Jader tentou pacificar. Apressou-se e comunicou sua decisão a JB. Devia tratar-se de uma aspiração antiga e secreta. Priante, o candidato mais provável da legenda, ameaça bater chapa...

Um tanto mais curiosa foi a visita de Almir Gabriel, na calada da noite, ao gabinete do deputado Juvenil. Para que foi lá? Para aconselha-lo a ser candidato... Contra seu próprio partido...

Almir Gabriel é um caboclo cheio de ressentimento.

Simão Jatene, um caboclo cheio de preguiça.

Domingos Juvenil, um caboclo prosa.

José Priante, um caboclo enfezado.

Todos eles têm em comum a alguma vaidade que ativa seus movimentos. A vaidade de ocuparem o cargo mais importante do estado. São todos caboclos vaidosos.

JB, por sua vez é um caboclo esperto (e tem 40 anos de praia). Sabe que nada garante que seja eleito governador, caso venha a disputar o cargo, enquanto que, se disputar o senado, praticamente já tem a vaga.

E de fato, a sua veleidade pessoal deve ser exatamente essa: voltar ao lugar de onde saiu de forma tão fragilizada. Deve ser isso que lhe pesa mais que a veleidade de voltar ao governo. É difícil dizer; JB tem uma alma complexa.

E quanto à governadora Ana Júlia... Bem, ela, como já se sabe, é uma cabocla de sorte.
PSDB e PMDB divididos, as chances de reeleição da governadora Ana Júlia aumentam significativamente. E muito mais, ainda, se o PT conseguir formar a aliança com o PR e o PTB.

Bem, a única coisa certa é que a disputa pelo governo estará mais para disputa de egos que para disputa de idéias.

PMDB com Juvenil - opinião do Blog do Vic

A opinião do Blog do Vic sobre a "surpresa" Juvenil do PMDB. Diz também que Priante está uma fera. Observem:

Será que Esse Pessoal Pensa que a Gente Não pensa ? Só Pode


Me ajudem a entender

O Jader em primeiro lugar em todas as pesquisas, cerro ?

Depois dele, no PMDB, o nome que mais empolga o partido é o do Priante, certo ?

E quem é lançado candidato ao governo é o deputado Domingos Juvenil, que ninguém sabe nem que é, certo ?

Vocês não acham que tem alguma coisa estranha nessa história ?

Sabe o que eu acho ?

Domingos Juvenil não é jaranja

Domingos Juvenil não será candidato ao governo.

O que ele quer mesmo, é ser candidato a vice na chapa da governadora.

Candidatura Juvenil - Blog da Edilza comenta

Leia o que o Blog da Edilza comentou sobre a candidatura Juvenil ao governo pelo PMDB.

O Juvenil não aglutina

Hoje temos um fato novo na política paraense. O lançamento da candidatura do deputado Domingos Juvenil para governo do estado. O debate que está colocado é um debate pertinente, calcado na história das últimas eleições e, nas alianças políticas estabelecidas. Vejamos:

O PMDB está a 16 anos fora do governo do estado, a última eleição que realmente disputou foi em 1998, quando o então governador Almir Gabriel concorreu à reeleição contra o então senador Jader Barbalho. Ganhou Almir Gabriel. Em 2002, o PMDB lança candidatura própria para o governo, um desconhecido, sem capilaridade política, que todos já esqueceram e, no segundo turno apóia a reeleição de Jatene.

Em 2006, o PMDB lança Priante, já em uma aliança tática com a candidatura da senadora Ana Júlia, fato já contado em prosa e verso e assumido pela direção do PMDB.

Hoje, o lançamento da candidatura de Juvenil é diferente. Não houve um acordo tático, é o resultado de uma disputa interna dos que defendem candidatura própria no PMDB no primeiro turno, e apostam em uma nova aliança no segundo. Não se sabe com quem.

A conjuntura é diferenciada.

É legitimo pensar que a candidatura do deputado Domingos Juvenil é de um laranja, porque o PMDB, em duas eleições para governo já usou esta tática. Mas, o que sustenta esta tese, é o PMDB não conseguir explicar o porquê da não saída da candidatura do deputado Jader para governo. A explicação mais plausível é a falta de estrutura. O que parece uma incoerência quando o partido lança candidatura.

Outro elemento, é que o hoje, o candidato lançado, já tinha cunhado a imagem de dissidente do PMDB, imagem reforçada pelos deputados, inclusive o deputado Parsifal, que fez várias críticas no seu blog, ao hoje candidato.

Acabou se criando uma expectativa da saída do deputado Jader para o governo. Mesmo porque ele era o principal nome veiculado. O nome de Priante também era citado, mas nunca o nome do Juvenil.

O que o PMDB não quer entender, é que é natural, pela conjuntura política, que a terceira via só era possível com a candidatura de Jader. O que está ocorrendo agora é que partidos como, por exemplo, o PR, tenham como possibilidade o reagrupamento em torno da governadora e o PTB acompanhá-lo. Mesmo a possibilidade de saída de uma candidatura própria indica, sustenta a tese que a candidatura Juvenil não agrega, antes de tudo dispersa.

O PR pode ter candidatura própria ou ser vice da governadora, o PTB o acompanha nesta conjuntura. Parece que eleição para o governo repete, com pequenas diferenças, o cenário das eleições para prefeitura de Belém em 2008. Onde ocorreu uma dispersão das oposições e o prefeito foi ao segundo turno e conseguiu ganhar de um Priante que não aglutinava as oposições.

Eleições em que as oposições se fragmentam, ganha a situação. Não acredito que a candidatura Juvenil aglutine. O PMDB corre o risco de marchar sozinho em uma candidatura solo, mas solo mesmo.

A candidatura da governadora, pode se fortalecer, mas se conseguir aglutinar. No centro da disputa, o PR, o PTB e PDT. Se ela aglutinar, vai para disputa o primeiro turno fortalecida. Se PR acompanhado do PTB, tiver uma candidatura própria, temos a oposição dividida.

No segundo turno as composições dependem da disputa Serra e Dilma, e pode pender para governadora ou para Jatene.

Como a candidatura Dilma cresce, é provável uma conjuntura favorável à aglutinação em torno da candidatura da governadora no segundo turno. O melhor seria, que o PT e o governo, aglutinassem o máximo possível agora.

Não acredito no poder de aglutinação da candidatura Juvenil. Aliás, ele não aglutina nem internamente. Existe até a ameaça do Priante, de bater chapa na convenção do PMDB.

sábado, 29 de maio de 2010

PMDB: jader ao Senado e Juvenil ao governo - avaliação da Perereca

Leia o que o Blog Perereca da Vizinha, da jornalista Ana Célia Pinheiro, um dos mais bem informados blogs paraenses, publicou ontem sobre o posicionamento do PMDB par as próximas eleições. Qual a sua opinião?

PMDB: a candidatura que não houve

Estava tão entretida com o novo portal da Transparência do Governo do Estado (bem menos transparente que o anterior, por sinal) que só de madrugada, ao dar um giro pela internet, é que soube da pré-candidatura do deputado Domingos Juvenil ao Governo do Estado, pelo PMDB.

Estou meio afastada dos bastidores, em decorrência do meu problema de saúde. E, a bem da verdade, nem deveria estar fuçando o portal da Transparência, porque a minha coluna já está querendo chiar novamente. Mas simplesmente não deu pra resistir...

É claro que o deputado Domingos Juvenil não é nenhum Naziazeno.

É presidente da Assembléia Legislativa, foi prefeito de um município pólo (Altamira), possui toda uma bagagem política.

Mas nem por isso Juvenil deixa de ser um candidato “laranja”: sua liderança é muito localizada e até a votação que teve há quatro anos, para deputado estadual, deixou muito a desejar.

E se a sua pré-candidatura ao Governo for irreversível, como juram os peemedebistas, é certo que ele não estará no segundo turno.

Embora, é claro, na esteira desta campanha, ele amplie as chances de voltar à prefeitura de Altamira, em 2012.

Não se descarta a possibilidade de uma ponta de malinagem na decisão de Jader Barbalho, uma vez que Juvenil tem se mostrado muito próximo da governadora e até colaborou na aprovação do empréstimo de R$ 366 milhões, pela Assembléia Legislativa – um empréstimo crucial para as obras que vão turbinar a campanha de reeleição de Ana Júlia Carepa.

No entanto, é muito mais provável que a opção de Jader por Juvenil seja, simplesmente, pragmática – e por uma série de fatores.

O mais importante, talvez, a necessidade de eleger Jader e Paulo Rocha para o Senado Federal.

Ambos são excelentes articuladores de bastidores e devem, de fato, integrar a estratégia de Lula para ajudar na coesão da base aliada, num eventual governo de Dilma Rousseff.

Além disso, o peso do grupo de Paulo Rocha é fundamental para as negociações entre o Governo e o PMDB, caso Ana Júlia Carepa venha, de fato, a se reeleger.

E ambos, Jader e Paulo Rocha, têm boas chances de chegar ao Senado, desde que se mantenham em lados opostos até outubro, como, aliás, já escrevi aqui.

Juntos, acabarão disputando a mesma cadeira – aquela que caberá ao “senador da governadora”...

Mas se estiverem em lados diferentes, quem, dentre os possíveis candidatos oposicionistas, será páreo para esse campeão de votos que é Jader Barbalho, com o seu poderoso grupo de comunicação e, mais ainda, com dinheiro para a campanha?

Penso que só Almir Gabriel poderia, de fato, bagunçar esse jogo, talvez até a obrigar um recuo de Jader, em direção à Câmara dos Deputados.

Mas Almir parece muito mais preocupado em bagunçar é a vida de Simão Jatene...

Daí que é grande a possibilidade de que os tucanos paraenses percam não apenas a eleição ao Governo, mas, também, uma das vagas que detêm no Senado.

E a possibilidade cada vez mais concreta de reeleição da governadora Ana Júlia Carepa é outro fator que deve ter pesado muitíssimo na decisão de Jader Barbalho.

Pelo que li esta semana nos jornais e na internet, as pesquisas mais recentes apontam a subida das intenções de voto da governadora, o que, aliás, já era esperado, devido à inegável melhoria de sua estratégia de comunicação – e também pela força da máquina, que deve se acentuar cada vez mais, conforme se aproximem as eleições.

Aliás, nunca houve dúvida de que Ana Júlia estará no segundo turno – isso não passa de uma grande bobagem, disseminada por pessoas que imaginam submeter a realidade às suas fantasias.

Ora, se o PT detém 30% do eleitorado, além dos governos federal e estadual, como é que Ana não passaria ao segundo turno?

Ana não só estará no segundo turno, como é a grande favorita do próximo pleito, justamente porque detém a máquina.

E mais: se o PT conseguir, de fato, costurar uma ampla aliança, com o apoio de boa parte do PMDB e uma oposição “controlada”, digamos assim, do restante; e mais o apoio da maioria dos grandes partidos paraenses (PP, PTB, PR, PDT), há o risco, sim, de que a governadora consiga liquidar essa fatura ainda no primeiro turno.

E quem não compreender isso, é melhor que nem se meta a “brincar” de eleição, porque já entrará no jogo derrotado, por não ter sequer idéia da barra que enfrentará para a construção de uma possibilidade real de vitória.

É claro que se essa aliança ampla não sair e Jatene conseguir conquistar uma parcela considerável do PMDB e até do PR; ou seja, se ele conseguir infundir a crença na possibilidade de reconquista do poder pelos tucanos, a eleição irá para o segundo turno e poderá ser decidida voto a voto.

Mas é sintomática a cartada dessa raposa chamada Jader Barbalho, que costuma sentir de longe a direção dos ventos...

Jader não apenas se recusou a montar o “cavalo selado”, que parecia tão certo para a conquista do Palácio dos Despachos: também optou por um candidato “laranja”, em vez de ungir outro nome forte a essa disputa.

Um fato que pode ser lido como uma liberação dos peemedebistas, já que há uma fatia significativa do partido que não aceita compor com os petistas.

Ou ainda como uma tentativa de turbinar o valor do PMDB, num eventual segundo turno; ou como preparação do terreno para a eleição de Helder Barbalho ao Governo do Estado, em 2014 – e nesse caso talvez fosse mais lógica a indicação de Domingos Juvenil para vice de Ana, apesar de suas recentes “peraltices”...

Mas a escolha de Jader também pode ser lida como a decisão de não sacrificar um nome de peso, como José Priante, por exemplo, (que tem tudo para retornar à Câmara dos Deputados) numa eleição em que a governadora, que já era a favorita, vai melhorando a performance nas pesquisas, ao mesmo tempo em que Lula aperta o cerco sobre os partidos da base aliada, para garantir a vitória de Dilma Rousseff, que, também ao contrário do previsto por muita gente, vai se colocando na dianteira da corrida presidencial.

Foi uma decisão acertada não sacrificar nem Priante e nem um quadro extraordinário como Parsifal Pontes, talvez o mais brilhante deputado estadual da atual legislatura.

Ao fim e ao cabo, Juvenil não tem nada a perder com essa grande laranjada - talvez, nem conseguisse se reeleger; agora, deve ganhar uma boa badalada para 2012, entre “otras cositas” mais.

Mas se eu fosse Jatene não ficaria lá muito entusiasmada com mais essa brilhante jogada de Jader Barbalho.

Se Almir ficar ao lado de Juvenil, a apoiá-lo como “terceira via”(vejam só!...), significa que não vai melar o jogo do morubixaba peemedebista ao Senado - mas não só.

Também significa que persistirá como uma tremenda insegurança à candidatura de Jatene, que já tem, de resto, de lutar contra a falta de aliados e de recursos financeiros.

E é sempre bom lembrar: Jatene nunca foi e nem será o aliado preferencial de Jader, como, aliás, já se disse aqui.

Jatene é esperto demais. E, se conseguir se eleger, provavelmente frustrará o sonho de El Barbalhon de ver o “Sobrancelhudinho” no Palácio dos Despachos, daqui a quatro anos.

Por isso, muitos tucanos que possuem uma sede patológica de poder estão hoje grudados no mesmo Barbalhão que ajudaram a algemar...

Já farejaram a carniça e sabem que a situação de Jatene é muito, muito complicada.

(Mas política é como nuvem e eleição é que nem barriga de grávida – quanto mais daqui a quatro anos, né mermo?...)

De resto, não houve grandes novidades nos últimos dias, já que a proposta da vice e de uma vaga ao Senado sempre esteve diante do PMDB, assim como os mesmíssimos 30% do governo e dinheiro para a campanha.

E é bem possível que, sem o PMDB na chapa, fique até mais fácil para o PT atrair o PR, já que o PTB já estaria com Ana. Mas isso só dá pra saber com uma conversa de pé de ouvido com o pessoal do PR. O problema é esta minha coluna...

Depois eu volto.

FUUUUUUUIIIIIIIII!!!!!!!!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Trajetória ascendente

A curva de crescimento da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, nas pesquisas, é inequívoca na avaliação de cientistas políticos. Os últimos números da corrida presidencial, divulgados ontem, pela CNT/Sensus, reforçam os resultados apresentados pela Vox Populi no sábado. Segundo o professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) Marcus Figueiredo, especialista em pesquisas eleitorais, um quadro esperado. “Os resultados eram previsíveis”, assinala, respaldado nas simulações a partir das médias das intenções de voto, de 2008 para cá, das pesquisas divulgadas pelos principais institutos do país.

A pesquisa CNT/Sensus, realizada com 2.000 eleitores em 136 municípios de 24 estados e divulgada ontem, aponta Dilma com 35,7% das intenções de voto e José Serra, pré-candidato do PSDB, com 33,2% dos votos. Situação de empate técnico. Marina Silva, do PV, obteve 7,3% das preferências. Os outros oito pré-candidatos de partidos pequenos receberam menos de 1,5 % das intenções de voto.

A petista apresentou, de janeiro para cá, um crescimento de 8,5 pontos percentuais, acima da margem de erro de 2,2. Ao mesmo tempo, Serra e Marina oscilaram negativamente dentro da margem de erro, respectivamente 2,9 pontos percentuais e 1,5 ponto percentual.

Na simulação de segundo turno, Dilma tem 41,8% das intenções de voto contra 40,5% do ex-governador tucano. Na pesquisa feita em janeiro, Serra estava na frente, com 44%, e Dilma tinha o registro de 37,1% das preferências.

Para Marcus Figueiredo, há um clima de otimismo no eleitorado resultante de um ciclo virtuoso de desenvolvimento com viés à esquerda. “Esse ciclo tem forte viés nacionalista e desenvolvimentista, mais à feição da social-democracia do tipo europeia, diferenciando-se drasticamente do período getulista e do regime militar, por terem sido altamente conservadores”, considera.

Segundo o especialista, o eleitorado entrou em compasso de espera. “Um terço está com Serra, outro terço com Dilma e outro terço disponível”, disse. Para ele, contudo, as simulações apontam para uma tendência em favor da petista, que tem ao lado o presidente Lula e os fundamentos do ciclo virtuoso — a economia e o desenvolvimento social. “O que lhe dá esta marca são o viés em favor das classes mais baixas, por meio das políticas de desenvolvimento social, e uma política econômica de rígido controle monetário, para o combate da inflação”, afirma o cientista político.

Mais de 50% já declararam estar dispostos a votar em um candidato apoiado pelo presidente Lula. Ainda não está claro para o eleitorado qual ou quais candidatos representam a continuidade”

Marcus Figueiredo, professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj)

Fonte: Correio Braziliense / Bertha Maakaroun

CNT/Sensus: Dilma e Serra empatados

Dois cenários pesquisados pelo instituto Sensus revelam empate técnico entre os presidenciáveis José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). O levantamento, encomendado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), foi feito entre 10 e 14 de maio, período que coincidiu com a exposição da petista na propaganda partidária em rede de rádio e TV.

Os números foram divulgados dois dias depois que o Vox Populi mostrou Dilma com 38% e Serra com 35%, em pesquisa contratada pela TV Bandeirantes.

No cenário do Sensus em que aparecem 11 candidatos na lista apresentada aos entrevistados, Dilma tem 36% e Serra, 33%. Sem os chamados "nanicos" na lista, porém, o tucano passa para 38%, e a petista fica com 37%.

Evolução. O quadro que inclui apenas Serra, Dilma e Marina Silva (PV) é o único presente em pesquisas anteriores do Sensus é, portanto, o que permite comparações e revela a evolução dos candidatos ao longo do tempo.

Em relação ao início de abril, quando o Sensus divulgou pesquisa contratada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada, Dilma subiu três pontos, e Serra oscilou um ponto para cima.

A petista ampliou de 16 para 20 pontos porcentuais sua vantagem no Nordeste, a única região em que lidera, por 50% a 29%, mas perdeu fôlego no Sul, onde caiu nove pontos. No Sudeste, ela subiu nove pontos não o bastante para alcançar Serra, que vence por 40% a 33%.

O tucano abriu 13 pontos de vantagem no Norte/Centro-Oeste (45% a 32%), área em que estava em situação de empate técnico há pouco mais de um mês. No Sul, Serra lidera por 41% a 30%.

Em abril, o Sensus havia apontado empate técnico na região, um resultado que destoou dos demais institutos. Em janeiro, o mesmo Sensus dava ao tucano 26 pontos de vantagem no Sul.

Dilma assumiu a liderança isolada na pesquisa espontânea, na qual os eleitores citam suas preferências antes mesmo de ler a lista de candidatos. A petista, mencionada por 20% dos entrevistados, ficou com 6 pontos porcentuais a mais do que Serra. Em abril, eles estavam empatados tecnicamente, com 16% e 14%, respectivamente.

Critérios. O Sensus perguntou aos entrevistados se, ao votar, levarão mais em conta "os benefícios econômicos e sociais gerados no governo Lula" (44%) ou "a comparação do currículo e da experiência administrativa dos candidatos" (35%).

A tônica do discurso petista tem sido a exaltação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e a promessa de continuidade com Dilma. Já os tucanos apostam na comparação das biografias dos candidatos. Serra já foi ministro, deputado, senador, prefeito e governador, enquanto sua rival nunca exerceu cargo eletivo.

Apesar do discurso do presidente e da propaganda do PT, pouco mais da metade do eleitorado (55%) relaciona Dilma à continuidade do atual governo, 26% citam Serra como o candidato que manteria as políticas econômicas e sociais.

Outro debate entre PT e PSDB diz respeito aos méritos pelas conquistas do País nos campos econômico e social ? os tucanos dizem que há uma linha de continuidade entre diversos governos, enquanto os petistas destacam apenas o papel de Lula no processo.

Segundo o Sensus, 57% dos eleitores creditam os "atuais benefícios econômicos e sociais" ao atual presidente, e 17% os relacionam ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para 16%, ambos têm méritos no processo.

Fonte: O Estado de S.Paulo / Daniel Bramatti

Recesso no Observatório

Aos visitantes deste blog, peço desculpas pela ausência nessas últimas semanas. Um misto de muito trabalho, algumas viagens e de mesmice na política local e nacional, fizeram o editor dar uma trégua na rotina do Observatório Eleitoral.

Nesse período a equipe da Mentor, minha empresa que atua com as áreas de tecnologia, pesquisas e call center, esteve finalizando o EleitoBrasil que é um conjunto de soluções de tecnologia web, pesquisas e telecom voltada para eleições. Vale a pena dar uma olhada. Visite: www.eleitobrasil.com.br

Agora vamos arregaçar as mangas que as eleições 2010 estão chegando.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Tabelinha

No primeiro debate da campanha, ontem, no Congresso Mineiro de Municípios, Marina, Dilma e Serra defenderam a reforma tributária e despejaram elogios nos municípios e nos prefeitos.

Um script óbvio e em que eles se igualaram. Mas o que foi mais estridente foi Serra abrindo, fechando e marcando sua participação com cascatas de simpatia para Marina.
Ele citou-a duas vezes na sua primeira intervenção, aplaudiu-a duas vezes enquanto ela falava, trocou figurinhas com ela enquanto Dilma discursava e explicou, ao voltar ao microfone, que estava receitando um remediozinho para a adversária do PV: "Eu e a Marina temos um problema comum: a garganta".

Serra representou o personagem bom moço, simpaticão, apesar de ter sido cercado e até ameaçado à entrada por professores mineiros em greve, aos gritos de "Aécio, Anastasia, tudo a mesma porcaria".

Diante do microfone e das câmeras, ele citou Fla-Flu, Palmeiras e Corinthians, Cruzeiro e Atlético, abriu duas vezes as portas de seu eventual governo ao PT, fez elogio para Lula e mais de uma gracinha para Dilma. Deixou também no ar uma referência elogiosa a Francisco Dornelles, "anfíbio de mineiro com carioca" e o mais novo cotado para vice na sua chapa.

Dilma parecia nervosa no início, controlando mal a voz, sugerindo desconforto. Depois, pegou o ritmo e batucou todo o tempo nos feitos do governo Lula. Citou o PAC, elencou os projetos para Minas, falou do combate ao desequilíbrio regional e da geração de empregos. Defendeu um "debate de projetos, de ideias" e procurou sorrir e ser também simpática, mas contida.

Para Marina, aplicada e discreta, é importante uma "disputa política, não plebiscitária". Não por acaso, esse foi um dos momentos em que foi aplaudida por Serra, que deixou no ar uma nítida impressão: ele e Marina se articulam para o segundo turno, mas, no fundo, temem o fim da eleição já no primeiro.

Fonte: Folha de SP / Eliane Cantanhêde

Band abre ciclo de debates entre presidenciáveis

Os comandos dos partidos e emissoras de televisão já fecharam as datas em que serão promovidos os debates dos presidenciáveis na TV aberta.

A Band abre a rodada de confrontos entre José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) no dia 5 de agosto. Em caso de segundo turno, novo confronto será realizado em 10 de outubro.

"Os internautas participarão dos debates, o que será uma novidade para os candidatos", afirmou Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Band.

Na Rede TV!, o debate do primeiro turno irá ao ar no dia 12 de setembro e, em caso de segundo turno, novo programa irá ar no dia 17 de outubro. O jornalista Kennedy Alencar, repórter da Folha, comandará os dois eventos.

A Rede Globo fechará a rodada de debates do primeiro turno, levando os presidenciáveis a seus estúdios no dia 28 de setembro. Em caso de segundo turno, haverá nova rodada no dia 28 de outubro.

A Record foi procurada pela reportagem, mas disse não ter oficializado as datas dos programas.

Fonte: Folha de SP

Racha no Parlamento Britânico

Projeções apontam Partido Conservador como o vencedor, com 305 cadeiras. Número, porém, não garante a maioria e exigirá um governo de coalizão. Trabalhistas e liberais-democratas avaliam acordo

As 15 horas de votação não foram suficientes para o número de britânicos que fizeram questão de votar no pleito, um dos mais concorridos da história do Reino Unido. Nas urnas, os eleitores deram a vitória ao Partido Conservador, depois de 13 anos de governo trabalhista, mas não asseguraram a maioria no Parlamento. Westminster, aliás, vai enfrentar uma situação que não vivencia há 36 anos: um “parlamento enforcado”, que exigirá a formação de um governo de coalizão. Segundo projeções do grupo BBC/Sky/ITV News, 305 dos 650 assentos foram conquistados pelos “tories”, e apenas 255 pelos trabalhistas, que até então mantinham 345 cadeiras — um recuo de 26%.

O partido do atual primeiro-ministro, Gordon Brown, poderá, entretanto, terminar ficando no poder, caso consiga negociar um acordo com os liberais-democratas e outros partidos menores. Para isso, precisará chegar ao número “mágico” de 326 representantes, que caracteriza a maioria absoluta. A aparente euforia dos britânicos com o novato líder do Partido Liberal-Democrata, Nick Clegg, contudo, também não surtiu grande resultado nas urnas. As projeções indicam que, mesmo com brilhante desempenho de Clegg nos debates, os liberais-democratas perderam dois assentos, ficando com 61.

Diante do cenário desenhado ontem, fica clara a razão para os conservadores ainda não poderem declarar seu líder, David Cameron, como o novo premiê. Cameron, porém, espera contar com o apoio de partidos menores, como os unionistas da Irlanda do Norte, para governar, mesmo sem maioria absoluta. O chanceler britânico, David Miliband, um dos únicos trabalhistas a se pronunciar logo após as primeiras projeções, tentou não demonstrar decepção com o resultado. “Se nenhum partido conseguir a maioria, então nenhum partido tem o direito a monopolizar o poder”, disse, completando que isso mostra a vontade dos britânicos de que os “partidos conversem entre si”.

Mais confiante, o ministro do Interior e número dois do governo Brown, Peter Mandelson, confirmou, ontem à noite, que os trabalhistas estudam um acordo com o grupo de Clegg. “As regras preveem que, se houver um ‘hung parliament’, não é o partido com maior número de assentos que terá prioridade, mas aquele que estiver no poder”, disse, à BBC.

Participação em massa

O interesse da população, que ainda tenta se recuperar de uma das maiores crises econômicas de sua história, foi tanto que superou as expectativas dos organizadores do pleito em diversos distritos. Estima-se que mais de 70% dos 45 milhões de eleitores tenham comparecido às urnas durante todo o dia. Segundo a rede BBC, em muitas das 50 mil seções eleitorais, as filas ainda eram muito grandes às 22h (18h em Brasília), horário previsto para fecharem as urnas. Em Sheffield Hallam, distrito do liberal-democrata Nick Clegg, muitas pessoas esperaram mais de três horas em vão. O carismático Clegg chegou a ir pessoalmente a um dos postos eleitorais para se desculpar com aqueles que não conseguiram votar.

O liberal-democrata votou, mais cedo, acompanhado da esposa, Miriam González — que não participou do pleito por ser cidadã espanhola. Antes dele, um confiante Cameron chegou a um colégio eleitoral de Spelsbury (noroeste de Londres) com a mulher, Samantha, grávida de cinco meses. Já Brown, cuja imagem ficou bastante desgastada durante os poucos anos de governo e uma campanha desastrosa, votou na vila de North Queensferry, em Fife, na Escócia, onde fica seu distrito.

Tudo pela democracia

Veja algumas das curiosidades que marcaram as históricas eleições de ontem no Reino Unido:

Nas últimas cinco eleições britânicas, a maior participação foi em 1992, quando 77,7% dos eleitores em potencial compareceram às urnas, e o conservador John Major manteve-se à frente do governo. Em 1997, a participação caiu para 71,4% e, em 2001, para 59,4%. O último pleito, em 2005, contou com 61,4% dos possíveis eleitores.
Locais inusitados foram utilizados ontem como postos de votação em alguns dos 649 distritos eleitorais do Reino Unido. No vilarejo de Slad, no condado de

Gloucestershire (sudoeste do Reino Unido), o pub local concentrou a votação. Segundo a BBC, praticamente todos os 200 eleitores do vilarejo compareceram ao Woolpack Pub ontem — alguns, inclusive, aproveitaram para beber.

Em Christmas Common, no sul do Reino Unido, o Fox and Hounds Pub também emprestou suas instalações para o pleito. Já na localidade de Chettisham, Cambridgeshire (leste), uma cabeleireira de 61 anos ofereceu sua casa como posto de votação. Os eleitores preencheram as cédulas no quarto da casa.

Eleitores de 164 distritos do Reino Unido também votaram hoje para conselheiros locais, incluindo 32 municípios de Londres, e para 36 autoridades metropolitanas.
Em sua capa de ontem, o The Sun estampou uma foto do líder conservador, David Cameron, manipulada de forma a ficar idêntica à famosa imagem de Barack Obama durante as eleições americanas. Com a manchete “Nossa única esperança”, o tabloide traz, em seu editorial, os conservadores como a “única chance de resgatar a Grã-Bretanha de um desastre”.

O candidato trabalhista ao Parlamento Manish Sood, que, na última quarta-feira, chamou Gordon Brown de “o pior premiê” da história do Reino Unido, não foi ao distrito de North West Norfolk — onde concorre ao posto. Segundo o próprio candidato, ele “não tem nenhuma chance de ganhar” e o partido trabalhista o “renegou”. “Não tive o apoio que me foi prometido. Não tenho motivos para ir”, justificou.

Outro candidato trabalhista, Joe Benton, de 77 anos, não pôde votar nem comparecer à
sede do partido em Bootle, Merseyside (noroeste), para assistir à contagem dos votos. O motivo? O político teve a ponta de um dos dedos da mão mordida por um cachorro quando colocava um folder em uma caixa de correio, no último dia de campanha.

Polícia apura denúncias

Acusações de irregularidades na votação, como fraude e intimidação, causaram confusão em alguns dos 650 distritos eleitorais no Reino Unido durante todo o dia de ontem. Há suspeitas de fraude em votos pelos correios e nos registros de endereços de eleitores na região metropolitana de Manchester e até em diversos bairros de Londres, como o central Westminster. A Comissão Eleitoral britânica explicou que o grande número de denúncias não se deve a uma falta de organização do sistema de votação, mas, ao contrário, a uma eficácia no controle do pleito. A Scotland Yard (polícia do Reino Unido) assegurou que está investigando os casos.

Por volta das 10h (6h em Brasília), a polícia foi chamada à escola primária Ben Jonson, em Stepney (a leste da capital), para apurar denúncias de “intimidação”. Também na região de Tower Hamlets, onde fica Stepney, a polícia já investigava as acusações de que mais de 5 mil nomes de eleitores haviam sido adicionados às listas de votação, sem registro prévio. Segundo o jornal Daily Telegraph, só na Grande Londres foram mais de 20 ocorrências.

Em York (nordeste do Reino Unido), centenas de cédulas enviadas pelos correios foram extraviadas antes mesmo de chegarem aos eleitores. De acordo com o jornal The Guardian, o problema está sendo atribuído a um erro de impressão e a um fechamento temporário no escritório postal da localidade. John Taylor, o responsável do Partido Trabalhista por monitorar as eleições no distrito, disse que recebeu 20 ligações de pessoas que não tiveram acesso às cédulas. “Vamos investigar para descobrir o que deu errado, há queixas demais para ignorarmos. Se houver um resultado muito apertado, então cabe até um recurso contra o resultado”, afirmou.

“Todas as acusações de irregularidade recebidas serão apuradas, e se apropriado, serão intensamente investigadas em parceria com as agências responsáveis”, informou a Scotland Yard, por meio de nota. Para Peter Wardle, chefe da Comissão Eleitoral, as denúncias mostram que a fiscalização está atuando bem. “O número de acusações também tem de ser avaliado no contexto do número total de votos, que, nas eleições de 2005, foram de 27 milhões”, disse Wardle.

Susto e milagre

O avião que levava o candidato do Partido pela Independência do Reino Unido (UKIP) para a circunscrição de Buckingham, Nigel Farage, teve que fazer um pouso forçado no aeroporto de Northamptonshire, ao norte de Londres, após o início da votação. O eurocético Farage, 46 anos, ficou levemente ferido e foi levado ao hospital de Banbury. “Ele saiu do acidente ensanguentado. O piloto está em situação um pouco mais grave”, afirmou um porta-voz do partido à agência France-Presse. No hospital, o candidato disse que “tem sorte por estar vivo”.

Fonte: Correio Braziliense

Como vai dona Dilma

Interessante ler esse artigo publicado hoje, 07/05, no jornal O Estado de São Paulo - o Estadão, sobre a candidata Dilma Rousseff. Independentemente de posições partidárias, fax uma reflexão sobre a imagem dos candidatos, usando como base previsões e observações de Duda Mendonça, um dos "marqueteiros políticos" mais famosos do Brasil.

No final de 2001 Duda Mendonça, o agora anjo decaído do marketing político, escreveu um livro onde, com rara franqueza, expôs todas as suas impressões sobre o PT. Ele acabara de ser contratado pelo partido para cuidar das eleições seguintes, as de 2002. A anedota maldosa da época dizia que Lula não era candidato a presidente, mas sim a persistente. Aquela seria a sua quarta eleição. Naquela época ninguém acreditava que ele teria alguma chance.

Vale a pena ler agora o livro de Duda. Chama-se Casos e Coisas. As suas ideias deram certo. E hoje em dia, com o PT no poder, ele não republicaria mais esse seu ensaio. O texto é bastante constrangedor para Lula e companhia.

Dentre suas observações se destaca a constatação de que o PT, pela sua organização e pelo fervor da militância, algum dia haveria de chegar ao poder. Se não naquele próximo pleito, ao menos nos seguintes.

Mas para tanto seriam necessárias algumas correções de imagem. O partido e seu candidato teimavam em se valer de algumas atitudes próprias do seu passado sindical. Isso afugentava a opinião pública e resultava em malogro eleitoral. Uma delas era a recorrente saudação: "A luta continua, companheiro!" Segundo Duda, tal frase causava constrangimento nas pessoas.

Os brasileiros têm horror a confusão, a briga. A nossa cultura é a da conciliação. E a palavra "luta" remetia a confronto. Era preciso convencer a militância de que esse termo deveria ser abolido. Naquela campanha e dali em diante, nunca mais tal saudação "de guerra" foi utilizada. Ao menos em público...

Outra observação de Duda se refere à imagem do candidato. Lula, até então, adotava o figurino típico dos intelectuais das nossas esquerdas: indumentária descuidada, olhar agressivo, barba desgrenhada e ausência total de senso de humor. Segundo aquela gente, tudo isso era necessário para demonstrar total ruptura com os ditos "valores burgueses". Acontece que o grande público sempre prestigiou tais valores. Pior: ninguém, no povo, sequer sabia o que era "burguês".

Para tornar o candidato mais palatável urgia fazer-se um "extreme makeover" em sua imagem. Lula, devidamente repaginado, passou a trajar ternos bem cortados e gravatas da moda. Eliminou de seu discurso qualquer ideia de confrontação. Sua barba foi cuidadosamente aparada e foi adotada a postura cordial do "Lulinha paz e amor".

Não havia nada de artificial nisso. O Lula original, dos tempos sindicais, não era esquerdista. Ao contrário. Chegou a declarar, publicamente, que não queria o apoio de estudantes e professores, com o argumento de que "intelectuais só atrapalham!"
Ele acabou por se retratar, quando, ao fundar o Partido dos Trabalhadores, constatou que boa parte dos filiados provinha justamente daquele extrato social. E por isso, intuitivo, Lula adotou o figurino e o discurso das esquerdas.

Duda nada mais fez do que resgatar o autêntico Lula de outrora. Tanto é verdade que o presidente Lula, após tantos anos de poder, ainda se sente à vontade no seu figurino de bonachão e conciliador.

Duda Mendonça caiu em desgraça em 2005, durante o "mensalão". Mas seu talento e seu poder de interpretar a alma brasileira continuam existindo.

Eis que ele veio a público, na semana passada, para declarar que a imagem artificial criada para a candidata do PT, dona Dilma Rousseff, não vai pegar. Segundo ele, seria melhor deixá-la exibir em público a sua verdadeira personalidade.
Já se sabe que a ex-braço direito de Lula é uma mulher brava, impaciente, centralizadora e autoritária. Por que não deixá-la mostrar-se como realmente é e criar uma propaganda que valorize tais atributos?

Personagens com tais características também são bem aceitas no imaginário popular. Jânio Quadros venceu numerosas eleições exibindo exatamente esses traços de personalidade: era irascível, nada dado a conchavos, não dividia o poder com ninguém e se revelava muito cioso de sua autoridade.

O caso de Margaret Thatcher, na Inglaterra, também é emblemático. Ela foi eleita e reeleita primeira-ministra várias vezes por causa de sua imagem de dura na queda. Era conhecida pelo povo como Dama de Ferro.

Essas atitudes não são necessariamente negativas, desde que autênticas. Basta que se alimente na opinião pública a predisposição para valorizá-las. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, é assim. E, no passado, Jânio Quadros era assim. Margaret Thatcher era assim. Até mesmo o incensado Winston Churchill chegou ao centro do palco, no Reino Unido, por ser assim. E isso numa época em que ainda não existia o marketing político.

É mais producente deixar a dona Dilma à vontade do que obrigá-la a exercer, em público, um papel que não condiz com ela: o de mulher boazinha, sorridente, tolerante, humilde e conciliadora. Tudo isso soa, ao público, muito artificial.
E já está comprovado que nós, brasileiros, abominamos a falsidade. Vejam-se os critérios de que se valem as pessoas nas eliminações do Big Brother. Basta observar o comportamento que é atribuído aos vilões nas telenovelas.

Tudo se tolera nos personagens públicos: a maldade, a crueldade e até mesmo, em alguns casos, a malandragem. Mas ninguém perdoa a hipocrisia.

Deixem a dona Dilma ser o que é. Falsificá-la não funciona.

Não, não estou torcendo pelo PT. O que quero dizer é que a candidatura de dona Dilma está mal na fita.

Até dois meses atrás, quase todo mundo acreditava que ela, com o apoio da máquina pública, venceria facilmente. Agora, não! Ninguém mais arrisca palpites.
José Serra, na sua sexta eleição majoritária, já está calejado. Ele, assim, jamais se atreveria a tentar mostrar-se como não é.

*João Mellão: JORNALISTA, DEPUTADO ESTADUAL, FOI DEPUTADO FEDERAL, SECRETÁRIO E MINISTRO DE ESTADO. E-MAIL: J.MELLAO@UOL.COM.BR